quarta-feira, outubro 13, 2010

ÀQUELES QUE DORMEM O MEU SONO


ÀQUELES QUE DORMEM O MEU SONO.
Já em criança, enquanto os outros trepavam às árvores, eu trepava muros. Ainda hoje trepo muros, como um Sísifo patético que rompe os joelhos na escalada enquanto os outros rompem os joelhos pelo chão.
Quase cansado de muros, queria dormir. Mas fantasmas dormem o meu sono, atormentando-me apenas por se fazerem esperar na vigília. Durante a noite acendo e apago a luz como se fosse um semáforo intermitente da solidão. Tenho noites que são dias e dias que são noites e a aurora não sei se é uma coisa que chega ou que parte. Em poemas grito pelos meus fantasmas. Mas, ao contrário de todos os outros Poetas que são génios incompreendidos… eu sou apenas incompreendido, por isso, talvez, não me ouçam.
A Morte será uma mentira porque nunca ninguém compareceu e provou demonstrado que ela não é a Verdade absoluta contrária à Vida.
Na continuidade da Morte falam-me de Deus como se Ele fosse uma balança e do Espírito como se fosse um autocarro que traz e leva os fantasmas numa qualquer carreira nocturna. Eu não vejo nada: nem balanças, nem autocarros, nem almas que eu pudesse tocar com a ponta de um dedo e dizer que são tão postiças como a Vida… não vejo nada e está escuro como uma dor que obriga a fechar os olhos.
Aos meus fantasmas: Tiago Nicolau, Jorge Ferreira, Manuel Augusto Pinho, João Guilherme, Gustavo Brandão, João Matos, André Lima, Mónica Teixeira (amigos) – Armando (pai), Júlia (mãe), José Manuel (irmão), Ana Cristina (mulher) e o meu Mestre: Jaime Salazar Sampaio.
Teixeira Moita 13-10-2010

2 comentários:

Unknown disse...

Infelizmente, a estes fantasmas juntaram-se a minha querida amiga e que transformou em Portugal o conceito de Biblioteca pública: Isabel Maria Rocha Sousa, o João Paulo Seara Cardoso e o Carlos do Púcaros... Ufa! É demais

C. Cardoso disse...

Olá Ideias em Palco

Cheguei aqui por intermédio de uma amiga comum. Deparei-me de imediato com o título do presente texto. Não sei se esta expressão é muito ou pouco utilizada. Ainda não a tinha lido em lado nenhum. Mas já a tinha sentido e escrito.
Aqui fica o meu link.
http://arallto.blogspot.com/2010/11/wake-up.html
Aos labirintos da vida.
Um abraço e passarei por aqui.